Ora, quem acha que um milagre é alguma coisa de especial?
Por mim, de nada sei que não sejam milagres:
ou ande eu pelas ruas de Manhattan,
ou erga a vista sobre os telhados
na direcção do céu,
ou pise com os pés descalços
bem na franja das águas pela praia,
ou fale durante o dia com uma pessoa a quem amo,
ou vá de noite para a cama com uma pessoa a quem
/amo,
ou à mesa tome assento para jantar com os outros,
ou olhe os desconhecidos na carruagem
de frente para mim,
ou siga as abelhas atarefadas
junto à colmeia antes do meio-dia de verão
ou animais pastando na campina
ou passarinhos ou a maravilha dos insectos no ar,
ou a maravilha de um pôr-de-sol
ou das estrelas cintilando tão quietas e brilhantes,
ou o estranho contorno delicado e leve
da lua nova na primavera,
essas e outras coisas, uma e todas
— para mim são milagres,
umas ligadas às outras
ainda que cada uma bem distinta
e no seu próprio lugar.
Cada momento de luz ou de treva
é para mim um milagre,
milagre cada polegada cúbica de espaço,
cada metro quadrado da superfície da terra
por milagre se estende, cada pé
do interior está apinhado de milagres.
O mar é para mim um milagre sem fim:
os peixes nadando, as pedras,
o movimento das ondas,
os navios que vão com homens dentro
— existirão milagres mais estranhos?
Walt Whitman, in "Leaves of Grass"
"A obsessão pelo suicídio é própria de quem não pode viver, nem morrer, e cuja atenção nunca se afasta dessa dupla impossibilidade." (Emil Cioan)
"Os hipócritas são como as tâmaras: o doce está fora, o mel nas palavras e o duro lá dentro, na alma." (Mateo Alemán)
Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios
Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos
Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz
Charles Chaplin
Não sei pra onde ir...
Não sei mais quem sou...
Nem mais o que fazer.
Só tristeza e desilusão,
nem mais o que pensar.
Não sei se devo chorar
ou pensar na vida, ou
deixar a vida me levar...
Não sei por que
tanto egoísmo existe?
Nem sei por que
tanta inimizade
neste mundo?
Por que sou assim
cheio de amor pra dar
por quem não me ama...?
Por que vivo cheio
de sonhos que não existem?
Por só a depressão
invade meu ser?
Se amo tanto a vida...
mas a vida não
dá-me o prazer,
nem os meus sonhos
são realidade
nesta vida sem destino
e só cruel desilusão.
Por que sou sempre
o certo para os outros
e são errados para mim?
Mas sozinho nasci
e sozinho tenho que morrer,
cheio desenhos falsos...
cheio de mágoa
no coração.
Cheio de desilusões.
Sérgio Gibim Ortega
Ás vezes tenho medo...
Medo de olhar e enxergar
Medo de sentir e gritar
Medo de escorregar e cair na lama
Medo de viver e morrer
Fico paralisada por algum tempo...
Esqueço que na vida nada é certo nem errado
Que tudo por ser ou não
Que não há garantias
E tudo depende das minhas escolhas
Esqueço que os meus olhos são estrelas
Que os meus cabelos são os ventos das tempestades
E das pequenas asas nos meus pés
Esqueço que existe um vulcão dentro do meu coração
E que o sol brilha em meu peito
Intensificando a emoção
E clareando a razão
Daí-me força, meu Deus, para ser o que sou
Força para seguir meu caminho sem medo
E ser feliz
Cláudia Perotti