Há sempre um fogo para além do olhar....
Há sempre corações à distância a palpitar...
Há sempre imensa força num abraço....
Era uma vez uma árvore que vivia numa situação de deixar para trás.....
Era uma vez uma nascente...que vivia fora da cidade....
Entre pseudotentações.... o olhar de ambos nunca se tinha encontrado.....
A água fresca da nascente corria afastada da vontade...
A casa esculpida nas rochas conduzia a uma luz, que por sua vez, mergulhava no pensamento...
Ultrapassadas as distâncias, as pessoas encontravam-se ali....na ponte do olhar...
No pensamento das formas, a árvore e a água da nascente olharam-se nos olhos...olhos nos olhos...em silêncio...
A emoção do agora jorrou em força...acenando com um sorriso ténue...
O silêncio corria pelas escadas... a água vestiu a roupa e venceu o desejo...
Por um instante, a árvore e a água...abraçaram-se no olhar....
Para lá dos corpos que foi levado pelas oscilações...o horizonte estava diante dos olhos...
O abraço do olhar mostrou o caminho.... o caminho da luz e do silêncio para lá da visão...
O ar ondulava trémulo nas ondas das escolhas, como sempre....
Naquele momento deixaram de ser estranhos e envolveram-se na sombra das palavras...
A entrada da cidade guardou o silêncio para lá das muralhas.... Tocaram-se na luz...
Um abraço... uma ponte no olhar...
Impaciente para seguir o seu caminho.... a água fez nascer uma paz na tranquilidade e no silêncio do amanhecer....
(António Ramalho)